Quantas vezes fomos felizes? Quantas vezes ficamos tristes? Alegria e tristeza vêm e vão o tempo todo. Nenhuma delas dura muito. Cada emoção e cada paixão surge momentaneamente e desaparece como um desenho traçado com o dedo na água.
Apesar de devotarmos nossa vida e satisfazer nossas necessidades e ânsias, qualquer felicidade que encontremos será fugaz. Fazemos planos baseados em coisas que constantemente nos escapam pelos dedos. Quando menos esperamos, elas serão memórias distantes.
Precisamos perceber que não temos liberdade nem controle. Não podemos escolher quanto tempo iremos viver ou como iremos morrer. Não queremos envelhecer, ainda assim envelhecemos. Não queremos adoecer, ainda assim adoecemos. Não queremos morrer, ainda assim a morte é inevitável, ela pode vir a qualquer momento, quer sejamos jovens, velhos, saudáveis ou enfermos; isso é irrelevante.
Se entendêssemos que os objetos aos quais nos apegamos são como miragens ou bolhas, o nosso apego enfraqueceria. Se soubéssemos que todo relacionamento é frágil e propenso a mudança, perceberíamos que não há tempo para conflitos. Se compreendêssemos
verdadeiramente que podemos não ter mais um dia sequer, pelo menos não destruiríamos as nossas oportunidades e as dos outros de desfrutar dessa vida enquanto a temos.
Quando sabemos que cada momento pode ser o último, teremos a perspectiva correta. Algumas pessoas acham que a ideia de impermanência é deprimente, mas ela é realmente a verdade da nossa experiência. Da mesma maneira que o fogo é quente e a água molhada, a impermanência é apenas o que é; ela não é boa nem má. Aceitá-la cura o pensamento mágico de que podemos protelar o processo inexorável da mudança, e nos dá uma capacidade maior de aceitação e mais alegria.
Chagdud Tulku (Mestre Tibetano)